Este artigo é uma tradução do post original em inglês “The education challenge facing Brazil’s rental market“, publicado no Access Briefing International.
A Analoc, associação brasileira de locação, estima o mercado de aluguel no país em US$ 12 bilhões, composto por 45.000 empresas com foco em atividades de locação. Apesar de ser um mercado de grande porte em termos globais, equivalente aos maiores países da Europa, ele ainda se encontra em fase de desenvolvimento
Paulo Esteves, presidente da Analoc e com 35 anos de experiência no mercado de plataformas aéreas e aluguel em geral no Brasil – além de fundador e atual diretor administrativo da Nest Rental – afirmou à International Rental News que a locação continua sendo um setor altamente fragmentado e muitas vezes operado de forma não profissional.
“Temos empresas boas, com governança, fundos e acesso ao capital, mas todos os dias enfrentamos dois problemas distintos”, disse Esteves durante a Convenção da ERA em Lisboa no mês passado. “Um mercado muito, muito competitivo, mas um ambiente de negócios que é ‘terceiro mundo’.”
“A maioria das empresas de pequeno e médio porte foi criada por empreendedores. Eles criam uma empresa ao longo do tempo e depois param de se desenvolver, porque precisam estabelecer um sistema de gestão adequado e acompanhar indicadores de mercado, coisas assim.”
Esteves e seus colegas na Analoc estão criando uma federação de 11 organizações estaduais de locação, além de entidades relevantes como ALEC e Sobratema. Atualmente, a Analoc conta com 1.500 membros, com planos de aumentar esse número para 5.000 em três anos.
A associação, com sede em Belo Horizonte, Minas Gerais, está expandindo suas operações internacionalmente – é membro da Global Rental Alliance (GRA), a federação de associações de aluguel em todo o mundo, atualmente presidida pela ERA – mas Esteves afirmou que a chave para o seu crescimento e a formação de um setor profissional seria oferecer serviços e treinamento a seus membros domésticos.
“Entendemos que o problema das pequenas entidades (empresas e associações) está relacionado a recursos financeiros. Elas não gostam de pagar mais (por associação) porque recebem poucos benefícios. Então comecei a desenvolver um tipo de sistema de e-learning.”
“Vamos começar com três programas gratuitos para atrair empresas. O primeiro é treinamento para estratégias de vendas. Precisamos trabalhar para encontrar novas oportunidades, novos mercados, nichos, coisas diferentes, em vez de disputar o mesmo cliente.”
Outros cursos serão oferecidos sobre precificação de aluguel e gestão geral de aluguel. “Estamos tentando fazer parcerias com universidades para criar cursos ou MBAs relacionados ao negócio de aluguel”, disse Esteves. “Isso não existe. É muito importante desenvolver isso.”
Preços e Taxas de Juros
Esteves afirmou que a educação é essencial para um mercado que enfrenta condições difíceis, com preços de aluguel historicamente baixos, preços de máquinas em alta (ligados à valorização da moeda brasileira) e um cenário econômico em que altas taxas de juros (+10%) estão sendo usadas para reduzir a inflação, que está em torno de 4-5%.
Ele disse que o crescimento do mercado este ano provavelmente ficará em torno de 6-7%, menor do que em 2023. Isso não parece tão ruim, embora se torne mais modesto quando se considera a inflação.
Ele descreveu a situação de preços de máquinas mais altos e preços de aluguel estáveis como “loucura” e disse que os custos das máquinas estavam levando mais compradores brasileiros a considerar equipamentos chineses.
“Tivemos uma feira há algumas semanas – a M&T Expo – e 60% dos expositores eram chineses. E apenas em plataformas aéreas, tínhamos 18, das quais 13 eram chinesas e cinco da América do Norte e Europa.”
Ele tem reservas sobre a qualidade do serviço e do produto de alguns desses fornecedores chineses, mas disse que também existem empresas muito boas; “e elas estão oferecendo condições especiais, em termos de crédito, pagamentos a longo prazo e sem juros. Elas assumem muitos riscos.”
Apesar dos desafios, ele é otimista em relação à indústria de locação do país? “Sim, absolutamente. Precisamos educar o mercado e fornecer os dados para tomar as decisões corretas, porque o processo de tomada de decisão em termos de investimento nem sempre é tão racional.”
“Temos empresas profissionais de renome – como Mills ou Loxam – e elas têm processos para entender o que está acontecendo no mercado, mas a maioria das empresas não tem uma abordagem científica.”
Esteves espera que a Analoc ajude a mudar isso.
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