Um gerador para chamar de seu

1 de dezembro de 2025
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Apagão na área de concessão da Enel, em São Paulo, fez aumentar a procura por geradores.

 

Pequenas, médias e grandes empresas que negociam geradores receberam centenas de ligações por dia, em um ritmo provocado pela falta de energia. O jornal Folha de S.Paulo entrou em contato com cinco locadoras e vendedoras de geradores na última sexta-feira, e em quase todos os casos ouviu o mesmo: a demanda dos últimos dias foi tão grande que nem investimentos feitos nos últimos meses foram suficientes para atendê-la.

Atualmente mais de 100 mil imóveis ainda enfrentavam a falta de energia elétrica em todo o estado de São Paulo. Edimar Araujo Sousa, CEO da Multipower Geradores, diz que seu estabelecimento está com todos os 140 geradores —de todos os portes— alugados, sendo que metade disso foi retirada do galpão em Itaquaquecetuba nos últimos dois dias. A outra metade já fica com os clientes industriais ou comerciais, como uma espécie de seguro para momentos de falta de energia.

No apagão de outubro do ano passado, quando uma tempestade afetou estruturas elétricas de São Paulo, deixando 3,3 milhões de consumidores sem luz, a empresa tinha 60 geradores. “A demanda está exponencial; a gente tinha feito investimento em novos equipamentos, estrutura, cabeamento e caminhão, mas não conseguimos suprir a demanda”, conta Sousa. 

A procura se dá mesmo diante dos altos preços dos equipamentos. Conforme pesquisa de preço feita pela reportagem, a locação diária de geradores usados por estabelecimentos comerciais, edifícios residenciais, casas e apartamentos varia entre R$ 2 mil e R$ 10 mil, sendo que em alguns casos o cliente ainda precisa comprar o diesel para alimentar o gerador.

“Esse é um momento crítico em que nem se você juntar todas as locadoras elas conseguem atender. Estamos recebendo em média 2.500 ligações por dia solicitando um gerador, enquanto num período normal são 50 ligações”, diz Jorge Moreno, diretor de novos negócios da Tecnogera, uma das maiores locadoras do Brasil.

Estratégia semelhante tem sido adotada pela empresa A Geradora, locadora de propriedade do grupo francês Loxam que ainda tem estoque em seu galpão localizado em Guarulhos. Cândido Terceiro, diretor de vendas, diz que empresas do setor alimentício estão demandando aluguéis mensais. “Como o povo está preocupado, já estão fazendo a locação mensal, porque agora foi vento, depois vem a chuva”, explica.

Entre as locadoras médias e pequenas, o ritmo é semelhante. A DWT Geradores, com operação em Santana, Guarulhos e Itajaí, por exemplo, costuma encontrar clientes para 60% de seus equipamentos. Agora, todos os cem geradores foram vendidos ou alugados.

“A gente já espera essa demanda devido à qualidade de energia no Brasil e aos problemas da Enel, mas nenhuma empresa consegue se preparar para um evento como esse. O que a gente faz é ir comprando mais geradores à medida que o investimento permite”, diz Diogo Calor, diretor da DWT. 

 

Fonte: Folha S.Paulo

Por: ANALOC