“As empresas de locação têm feito o dever de casa”

28 de fevereiro de 2024
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Novo presidente da Analoc acredita que o rental brasileiro de máquinas, mesmo apresentando uma crescente, ainda tem muito potencial de crescimento em comparação a outros países

Atualmente, é possível acompanhar uma tendência mundial de avanço do segmento de rental em diversos segmentos, especialmente pela vantagem que essa modalidade oferece ao liberar o cliente da necessidade de envolver-se em atividades que vão além de seu próprio negócio, como a aquisição, a manutenção e, eventualmente, a operação de máquinas.

No entanto, o novo presidente da Associação Brasileira dos Sindicatos e Associações Representantes dos Locadores de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas (Analoc), Paulo Esteves, observa que o mercado brasileiro, mesmo apresentando uma crescente no setor, ainda tem muito potencial de crescimento em comparação a outros países.

“Estimamos que o Brasil tem capacidade para dobrar as frotas de locação nos próximos anos”, afirma Esteves, que assumiu a função na entidade em outubro.

Formado em engenharia civil pela Universidade Santa Úrsula (RJ), o executivo também conta com MBA em gestão de marketing pela PUC/RJ, MBA executivo pela Fundação Dom Cabral e especialização em gestão avançada pelo Insead (Instituto Europeu de Administração de Empresas), na França.

No campo profissional, desde meados da década de 1990 já atuou em diversas empresas do setor de rental de máquinas, incluindo players de peso como Mills e Solaris, sendo atualmente diretor da Nest Rental, empresa especializada em soluções low level fundada por ele em 2018 e adquirida pela Mills por R$ 5,1 milhões em 2021.

Em outubro, Esteves assumiu a presidência da Analoc para um mandato de três anos, ampliando a atividade setorial do especialista.

“Cuidar de manutenção, estoque, logística e renovação de frota é trabalhoso e caro, faz mais sentido se concentrar no próprio negócio e ter equipamentos modernos à disposição com preços competitivos”, diz ele nesta entrevista concedida com exclusividade à Revista M&T.

Acompanhe.

  • Qual é a situação atual do rental em termos de faturamento e capilaridade?

Juntamente com outras entidades setoriais, uma de nossas prioridades é realizar um mapeamento do mercado de locação no Brasil. A base de dados do IBGE, através do cadastro central de empresas (CEMPRE), indica mais de 100 mil empresas de locação, sendo 42,2 mil empresas voltadas para máquinas e equipamentos de construção (sem operador), 26,4 mil para operações comerciais e industriais, 22,7 mil para escritórios, 9 mil para uso pessoal e doméstico e 2,2 mil para extração de minérios e petróleo (sem operador). Se considerarmos esses cinco segmentos, a atividade de rental está presente em todos os estados brasileiros, com faturamento acima de R$ 60 bilhões. Contudo, em um primeiro momento estamos focados no segmento de máquinas e equipamentos para construção sem operador, com faturamento estimado em cerca de R$ 30 bilhões. Em sua maioria, o perfil dessas empresas é de pequeno porte, com controle familiar. Há, ainda, empresas listadas na Bovespa e outras em processo de abertura de capital.


Com cerca de 100 mil empresas, setor de rental fatura R$ 60 bilhões no Brasil, diz Esteves

  • Considerando a importância econômica do país, qual é o potencial de crescimento desse setor?

Há um indicador que mede a penetração do rental no mercado. No Reino Unido, por exemplo, cerca de 85% das vendas de equipamentos para construção são direcionadas para empresas de locação. Nos EUA, o montante chega a cerca de 50%, com tendência de crescimento. No Brasil, percebemos uma tendência de crescimento das frotas de locação, pois muitos clientes estão optando pelo aluguel. Estimamos que o país tem potencial para dobrar as frotas de locação nos próximos anos.

  • Quais desafios o setor enfrenta para avançar mais?

O que tem inibido o crescimento é a incapacidade do governo em reduzir despesas e investir em infraestrutura ou privatizar, o que levaria a um aumento substancial na demanda. A atividade de locação exige a aplicação intensiva de capital; ou seja, para crescer, precisa investir. Se considerarmos os preços de locação, as taxas de juros atuais são desafiadoras. Outro fator limitante é a alavancagem, isto é, quanto as empresas querem crescer. O Brasil tem um ambiente competitivo de 1º mundo e um ambiente de negócios de 3º mundo. Mas a tendência de alugar e não comprar tem crescido e, nesse aspecto, o mercado parece compreender essa realidade. Já os desafios operacionais são relacionados à difícil e cara logística no Brasil, assim como a qualidade da mão de obra e governança. A produtividade é baixa e, por isso, o segmento precisa de sistemas de gestão de frotas.

  • Em qual segmento produtivo a atividade está mais consolidada?

Atualmente, os segmentos mais consolidados são os de construção e de mineração. O segmento agro vem adotando a solução de locação de equipamentos para as diferentes atividades. Já a utilização de equipamentos em locação do segmento é mais recente, com grande potencial para crescer nos próximos anos.

  • É possível apontar qual tipo de máquina tem maior penetração de mercado via rental?

Até pelas características e grande variedade de alcance, as plataformas elevatórias têm mais penetração atualmente, visto que atendem muitas demandas que envolvem, além de alcance, peso e motorização.

  • A cultura de posse do ativo realmente está mudando para o uso no país?

A tendência de alugar e não comprar é global, sendo mais desenvolvida no Reino Unido. O que estimula isso é a percepção e desejo do cliente de não se envolver com atividades além de seu próprio negócio. Cuidar de manutenção, estoque, logística e renovação de frota é trabalhoso e caro. Faz mais sentido se concentrar no próprio negócio e ter equipamentos modernos à disposição com preços competitivos.

Fonte: Revista M&T

Por: ANALOC