Desde o início das chuvas que inundaram o estado do Rio Grande do Sul, a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) propôs 20 medidas emergenciais para a reconstrução do estado.
Segundo o presidente da entidade, Renato Correia, o esforço precisa ser conjunto entre todos os entes para dar uma resposta com a rapidez que o estado precisa.
O engenheiro civil reconhece que há diversos desafios logísticos, devido à destruição da infraestrutura local, à escassez de mão de obra no Brasil e à falta de recursos livres disponíveis pelo governo federal, entre outros obstáculos que dificultam dimensionar o tamanho do estrago e prever o tempo de reconstrução.
Para Correia, o setor de construção é sempre um desafio por natureza, devido a prazos, custos e logística. Ele acredita, no entanto, que a velocidade exigida pela tragédia pode impulsionar o uso de soluções industriais que ainda estão sendo testadas ou que ainda não foram difundidas pelo país.
“O setor vai contribuir muito para o Brasil vencer esse desafio. Há uma necessidade de retornar ao padrão anterior ao da calamidade de forma acelerada, e isso vai acontecer com uma abordagem não convencional”, diz.
Entre essas soluções para habitação que já existem no Brasil, ele cita a construção “off-site”, que são edificações pré-fabricadas fora do canteiro de obra, ou seja, longe do local onde serão instaladas. Segundo Correia, esse método acelera a fabricação de residências.
Outro método interessante, segundo o engenheiro, é o “steel frame”, que consiste na formação de uma base de aço para a edificação. A cobertura pode ser feita por meio de madeira ou drywall. A vantagem desse tipo de sistema é a redução de custo e aumento de produtividade.
Correia também cita o uso de casas de conteiner como solução. “A engenharia brasileira tem muitas alternativas para serem aplicadas. Na parte de infraestrutura temos pré-moldados, uso de estrutura metálica, de engenharia de guerra”, elenca.
Segundo o engenheiro, a reforma tributária também será essencial para catalisar a industrialização no setor, pois fará com que o país consiga responder com mais rapidez a esse tipo de calamidade, diz.
Entre as 20 medidas emergenciais propostas pela CBIC, a entidade acredita que o programa Minha Casa, Minha Vida é o principal vetor de realocação das famílias que perderam a moradia com a catástrofe climática, além de estimular a recuperação do estado pelo setor da construção.
A câmara da indústria da construção ainda propõe o aumento do valor de subsídios para aquisição da casa própria pelas famílias afetadas, a flexibilização das regras de financiamento no Rio Grande do Sul para compra de unidades no âmbito do Minha Casa, Minha Vida e ajustes nas condições de juros e nas exigências para o setor produtivo.
“As medidas traduzem preocupações das entidades associadas à CBIC no estado”, diz a entidade. “A CBIC e suas associadas também propõem a retomada e a priorização de empreendimentos que possam ser entregues rapidamente e o aumento dos recursos orçamentários destinados à política de habitação no estado”, completa.
Na última sexta-feira (17), o governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), apresentou o Plano Rio Grande para ações de reconstrução. O foco principal é garantir moradia temporária aos milhares de desabrigados.
O governador também anunciou a liberação de R$ 2.500 para família em situação de pobreza e extrema pobreza que vive em regiões inundadas. Serão repassados ainda R$ 400 por mês para aluguel social para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, além de auxílio reforma.
São 78.165 pessoas que estão hoje em abrigos montados em clubes, escolas públicas e particulares e universidades pelo estado. Segundo o vice-governador do RS, Gabriel Souza (MDB), cerca de 10 mil pessoas ainda deverão estar em abrigos até o dia 12 de junho.
Além disso, ao menos 154 mortes foram registradas no estado devido à tragédia, segundo boletim divulgado nesta manhã. Mas o número pode ser ainda bem maior nos próximos dias, já que ainda há 98 desaparecidos.